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- 25 outubro 2018
Doenças genéticas mais comuns na população negra
O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é uma data que visa a REPRESENTATIVIDADE e RECONHECIMENTO da população negra e afrodescendente. Apenas a partir da década de 90, o Brasil passou a reconhecer a diferença racial como um dos fatores de desigualdade social no país, o que tem impacto direto na saúde dessa população.
O que é um reflexo do que acontece também em outros países. Essa falta de acesso e descaso vindo da área acadêmica e médica, incentivou Malone Mukwende, estudante de medicina em uma universidade da Inglaterra, a criar, junto com seus professores, um livro para ensinar aos médicos como identificar sinais e sintomas de doenças na pele marrom e preta, que se manifestam de forma bem diferente do que na pele branca. Como um médico identificaria erupções avermelhadas ou lábio arroxeado em uma pessoa negra? Era uma das questões.
Na Bahia, 1 a cada 5 pessoas se autodeclara PRETA. Somando-se pretos e pardos, em 2018, os negros eram mais de 80% da população baiana. Por isso, o Sermege pensando na NOSSA saúde, trouxe informações sobre as principais doenças que possuem alguma ligação genética ou hereditária, mais comuns dentro da nossa população.
E QUAIS SERIAM ESSAS DOENÇAS?
Podemos dividir as doenças mais comuns na população negra em 3 grupos: 1) as geneticamente determinadas (anemia falciforme, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e foliculite), 2) as adquiridas (desnutrição, anemia ferropriva, mortalidade infantil, depressão, tuberculose) e 3) as de evolução agravada (hipertensão, diabetes, insuficiência renal, câncer e coronariopatias).
No entanto, segundo a 3ª edição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), as doenças genéticas (relacionadas a alterações no DNA) ou hereditárias (passadas de pais para filhos) mais comuns na população negra, são a Anemia Falciforme, o Diabetes Melittus tipo II, a Hipertensão Arterial e a Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase.
ANEMIA FALCIFORME
O que é?
A Anemia Falciforme está presente em 10% da população negra. É uma doença genética hereditária, onde ocorre uma alteração no gene que serve de "receita" para a formação de umas das proteínas (hemoglobina) que formam a célula vermelha do nosso sangue, chamada de hemácia. Com a "receita" errada, o corpo produz hemoglobinas defeituosas, e principalmente quando não estão em contato com o oxigênio, se unem a outras hemoglobinas, enrijecendo as hemácias e dando a elas o famoso formato de FOICE.
Devido a esse formato, há maior dificuldade de as hemácias circularem pela corrente sanguínea. E como são elas as responsáveis por levar o oxigênio para as células do nosso corpo, todo esse sistema fica comprometido. Além disso, pode ocorrer a formação de coágulos, impedindo completa ou parcialmente a passagem do sangue.
Quais são os sintomas?
Geralmente, a doença é identificada logo após o nascimento, através do teste do pezinho, e a criança apresenta sintomas como icterícia (pele amarelada), fadiga, pneumonia e úlceras nas pernas. Em adultos, é mais comum os sintomas de anemia, como fraqueza, fortes dores nas costas, pernas e braços.
E olha que interessante: a anemia falciforme é considerada uma defesa do corpo contra a MALÁRIA, pois é mais comum em países com maior incidência da doença. Células com formato de foice são mais difíceis de serem invadidas pelo parasita Plasmodium falciparum, causador da malária, o que diminui os riscos de morte.
DIABETES MELLITUS TIPO II
O que é?
O Diabetes Mellitus ocorre quando há acúmulo de glicose, um tipo de açúcar, no sangue. Essa glicose, em condições normais, entra dentro das células, onde é consumida e transformada em ENERGIA. Existe um hormônio responsável por permitir que a glicose entre na célula, como uma chave que abre a porta, e é chamado de INSULINA. No diabetes tipo I, há lesões nas células pancreáticas que produzem a insulina e no tipo II, a produção ocorre normalmente, porém as células do organismo são resistentes a ela, como se a chave não funcionasse.
Esse último tipo é o mais comum entre a população negra, atingindo 9% a mais homens negros, quando comparados aos brancos, e 50% a mais mulheres negras, quando comparadas as brancas. O Diabettes Mellitus tipo II é 4ª causa de morte e 1ª causa de cegueira adquirida no Brasil.
Quais são os sintomas?
Aumento da frequência de urinar, aumento da fome, sede em excesso e emagrecimento. O diabetes deve ser diagnosticado precocemente, pois os níveis glicêmicos desregulados aumentam os riscos de doenças cardiovasculares e retinopatia diabética.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
O que é?
A famosa pressão alta! Quando a pressão está acima do 12 por 8 (120 por 80 mmHg). Ela atinge de 10 à 20% dos adultos, e chega a causar até 14% das mortes no Brasil, sendo mais prevalente entre os homens e com mais complicações em pessoas negras. Nos Estados Unidos, ela é responsável por mais de 50% das diferenças raciais nas taxas de mortalidade.
Quais são os sintomas?
E é preciso tomar ainda mais cuidado: pois é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas específicos, mas aumenta os riscos de insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.
DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE
O que é?
Essa doença afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo, sendo 13% negros americanos, 5% população do Mediterrâneo e 40% pessoas do Oriente Médio. Também é uma doença genética que compromete o funcionamento das hemácias, assim como a anemia falciforme, porém de uma forma diferente. A glicose-6-fosfato desidrogenase é uma enzima que diminui os efeitos maléficos do estresse oxidativo produzido pelo metabolismo das hemácias. Em sua falta, a membrana das hemácias pode se romper mais facilmente, matando a célula (hemólise), e causando ANEMIA HEMOLÍTICA.
Para sermos formados, recebemos dos nossos pais os CROMOSSOMOS contendo todo o material genético necessário para nossa formação. Dentre eles, estão dois sexuais: o X e o Y. A mãe sempre transfere um cromossomo X, e o pai ou um X ou um Y. Caso a combinação seja XX, será menina, e XY, menino. A deficiência de G6PD está no cromossomo X, e por isso é mais comum nos HOMENS.
Quais os sintomas?
Ao nascer, o bebê pode apresentar icterícia (pele amarelada) e anemia severa, e durante a vida a pessoa pode apresentar hemólise, geralmente desencadeado pelo uso de medicamentos, febre, urina escura, dor nas costas e na barriga e fadiga.
Dessa forma, a PREVENÇÃO e o DIAGNÓSTICO PRECOCE de todas essas doenças são essenciais para a qualidade de vida da população negra e afrodescendente. No Sermege, você conta com o atendimento de quem compartilha da sua história. Estamos há mais de 35 anos cuidando da população de Camaçari e região com excelência.
Sermege – Há 35 anos cuidando da sua saúde
Fonte:
– SILVA, Nelma Nunes da et al . Acesso da população negra a serviços de saúde: revisão integrativa. Rev. Bras. Enferm., Brasília , v. 73, n. 4, e20180834, 2020.
– DE ALMEIDA, Renata Araujo; BERETTA, Ana Laura Remédio Zeni. Anemia Falciforme e abordagem laboratorial: uma breve revisão de literatura. Volume 49/Volume 49 Número 2/Number 2, v. 49, n. 2, p. 131-4, 2017.
– Musemwa, Nomsa, and Crystal A Gadegbeku. “Hypertension in African Americans.” Current cardiology reports vol. 19,12 129. 28 Oct. 2017, doi:10.1007/s11886-017-0933-z
– Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, 3a edição, 2017. – IBGE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
– Viva Bem Saúde e Hospital Israelita Albert-Einstein.